Mas como e porque o uso excessivo de oferenda pode
atrapalhar a evolução de um espírito e/ou de um médium?
Na realidade
desestimulamos tudo que seja excessivo. No caso das oferendas, existem
conseqüências de ambos os lados, material e espiritual.
Do lado material:
a) O custo
dos elementos da oferenda (muitas pessoas chegam a deixar de comer, ou até
mesmo, permitem que falte alguma coisa dentro de sua casa para comprar os
elementos da oferenda).
b) Estímulo
à barganha espiritual, ou seja, o ofertante acredita que oferendando alguma
coisa poderá obter privilégios junto à espiritualidade.
c) Estímulo
à preguiça espiritual no sentido da evolução, ou seja, o ofertante começa a
acreditar que a oferenda substitui o seu empenho em melhorar enquanto pessoa,
geralmente com a famosa frase: “Eu cuido do meu santo, já arriei minhas
coisinhas”.
Do lado espiritual:
a) Pela
pessoa somente se interligar com a espiritualidade através da oferenda, as
entidades receptoras começam a pedir cada vez mais oferendas com o intuito de
estarem sempre próximas da pessoa, pois sabemos que para que haja aproximação
da entidade é necessário que haja sintonia de pensamentos e sentimentos. Quando
fazemos uma oferenda, geralmente elevamos a nossa faixa vibracional e nos
harmonizamos com a entidade. Isso faz com que comece a haver uma espécie de
“vício” ou “ciclo vicioso”, onde entidade e pessoa começam a precisar da
oferenda para se comunicarem.
b) Disso
surgem pedidos cada vez mais freqüentes impedindo a evolução da pessoa e da
entidade que começa a ver na oferenda a única forma de contato com a pessoa
ofertante.
Oriento que
a oferenda deva vir apenas como uma representação material de agradecimento e
não de comunicação com as entidades, que basicamente e de maneira geral não
precisam de oferenda. Quanto menos evoluída a entidade e mais apegado à matéria
for o médium, mais ambos “precisarão” de oferendas.
Geralmente
isso se faz por ocasião do dia do Orixá ou entidade em forma de homenagem, pois
como disse o mentor, Pai Pery: “Amor, fé, estudo doutrinário e o desejo de
fazer caridade desinteressada em retribuição, ofertadas com resignação e
humildade”, assim nos dispomos a ser médiuns. E se dispor a ser médium não
significa apenas entrar para a corrente de um terreiro e dar incorporação. Mas
se colocar a disposição, a serviço da caridade. E sabemos muito bem que não há
necessidade da incorporação para que isso ocorra, assim como sabemos também que
arriar oferenda não é “cuidar do santo”.
Com tudo
isso exposto, esclareço que o uso da oferenda como elemento de atração,
religação ou ponto de fixação dependerá da orientação de cada dirigente
umbandista.
Havendo a real
necessidade, a oferenda deve ser feita em locais determinados, normalmente
junto à natureza ou reinos apropriados. Lembrando sempre de deixar o local
limpo como foi encontrado.
Nós
umbandistas amamos a natureza e as suas energias, como podemos sujar os locais
sagrados para nós? É no mínimo incoerente. E uma coisa que o umbandista não
pode ser é incoerente.
Fonte:
Livro: Umbanda - Mitos e Realidade
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